Saber crescer

por Rafael Mendonça

Com o slogan “A casa é sua. A festa também”, a prefeitura de Belo Horizonte divulgou nesta sexta-feira, dia 30, o planejamento para o carnaval da capital mineira em 2015. A coletiva na sede da Belotur trouxe algumas novidades e as expectativas do presidente Mauro Werkema são as melhores possíveis.

Entre as boas notícias, podemos dizer que a melhor é o aumento em 125% do número de banheiros químicos a serem utilizados na festa. O que se bem pensado faz a diferença. Esta foi uma das maiores reclamações na organização do ano passado. O investimento da prefeitura e dos patrocinadores continua o mesmo, 5,5 milhões de reais. E o tão falado COP-BH (Centro de Operações da Prefeitura), entrará para reforçar a segurança.

Outra novidade, está na campanha de conscientização para o uso da água, importante para ver se muda um pouco hábitos tão arraigados na nossa sociedade. Quem também está bem animadinho é o setor de hotéis e turismo da capital, a expectativa é de um aumento de 30% na venda de passagens e uma ocupação de 43% dos hotéis. Para quem se lembra do carnaval de BH, há quatro anos, são números consideráveis.

Os 14 palcos espalhados pelas nove regionais também estão de volta, ano passado eles tiveram um público bem legal e a tendência é que cresça este ano. Esperamos que o planejamento melhore e a população também faça sua parte. Este ano a programação está toda em volta dos artistas locais, uma atitude que corretamente busca valorizá-los e também diminuir gastos.

Na programação oficial da Belotur estão cadastrados 164 blocos, eles saem por toda a cidade e contarão com a estrutura oferecida pelo órgão. Os mais tradicionais não estão lá e essa discussão mais uma vez volta com força. Guto Borges, historiador e um dos pioneiros do movimento que trouxe as pessoas de volta para a rua, coloca o problema em um post de seu Facebook: “Resumindo: aos olhos dessa desastrosa prefeitura o carnaval não é uma expressão da cultura (até agora fingem não entender), mas TÃO SOMENTE um evento de mercado. Nada contra a festa de mercado, vai lá, o problema é ser tratada como uma forma prioritária, ou anda uma única opção”.

Este embate entre os blocos e a prefeitura vem desde quando o movimento aumentou lá por 2011, 2012, quando o que ocorria nos blocos seria considerado de responsabilidade de seus realizadores. E a queda de braço vem ano a ano fazendo com que o carnaval da cidade tenha uma característica muito peculiar. Se de um lado a festa popular aumenta a cada ano, o número de ações dos que não querem entrar no “padrão prefeitura” também cresce exponencialmente. E, convenhamos, isto é ótimo para a cidade. Quanto mais ações estes dois grupos distintos realizarem mais alternativas teremos, mais gente é alcançada e, o melhor, mais locais de Belo Horizonte vão sendo alcançados pela folia. Seria ideal se as duas partes se acertassem? Seria.

Mas a impressão que passa é que essa conversa ficará a cada dia mais distante, pois se de um lado os “empreendedores” definitivamente descobriram o filão, do outro, a turma se mostra a cada ano mais criativa, achando lugares inusitados e necessitados de se brincar o carnaval. E parece que a disputa do bolso e da farra seguirá por mais um tempo. E o espírito é esse, opções não faltam para todos os gostos. Ocupemos as ruas e, com o maior bom senso possível, aproveitemos todos estes dias.