Não tem bateria, só tem amor

por Camila Bahia Braga, do Coletivo Adiante (foto e texto)

Nas vésperas do carnaval de 2011, um mutirão: o DJ e produtor cultural Rafael de Souza, o artista plástico Thiago Mazza e algumas amigas se reuniram no apartamento dos dois idealizadores do Bloco do Amor para cortar adesivos de coração – um a um. Fael conta que, neste primeiro ano de disseminação do amor pelas esquinas carnavalescas de Belô, foram 10 mil corações manufaturados. No ano seguinte, a produção já foi encomendada em uma gráfica; para 2015, o Bloco do Amor preparou 500 mil corações, a povoar bochechas e olhares.

A proposta é simples, mas sempre recebida com afeto. Segundo Fael, a ideia é “ser um pouco parasita, entrar no meio dos blocos, distribuir corações, distribuir amor”. Não há bateria, nem regente, nem percurso. A novidade deste ano é também poder comprar um saquinho de adesivos (500 corações por 10 reais) e virar um reprodutor desse amor despretensioso. Fael só pede que as duas regras básicas não sejam esquecidas: “Tem que colar o adesivo no canto inferior do olho e tem que lembrar: ‘é o Bloco do Amor’”.

Além dos adesivos, o bloco já promoveu outras ações, como um mutirão de tatuagem no carnaval de 2014. Duas semanas antes da folia, eles decretaram o Dia do Amor e o tatuador Gordinho recebeu 80 pessoas para gravarem na pele, gratuitamente, um coração verde ou vermelho. “É maluco pensar que 80 pessoas toparam isso e que vão sempre lembrar dessa história do carnaval, do Bloco do Amor. Quando a pessoa escolhia o coração verde, era uma brincadeira nossa com o Bloco do Moreré: era o Bloco do Amoreré”, explica Fael.

Coração brilhante

A cada ano, o bloco define um tema para estampar camisas e cabeças. Em 2015, o coração é prateado para dizer que “meu amor reflete em você amor”. Para Fael, no carnaval de BH existe e sempre existiu amor: “O carnaval de BH nasceu do amor. Algumas pessoas estão com medo, outras estão com preguiça, outras estão vindo pela primeira vez… o que todo mundo tem que lembrar é que é uma festa, é da rua, é alegria, e é de todo mundo”.

Haja amor

O Bloco do Amor não é  a única fonte de adesivos de coração nesse mar de carnaval belorizontino. Quem também espalha afetos sem fazer som é o Nandão, do Catuçaí. Além de vender delícias geladas pelos blocos, ele presenteia com um coração quem voltar com seu copo na segunda compra, no intuito de economizar e produzir menos lixo.